Garotas de vidro
Autora: Laurie Halse Anderson.
Tradução: Ana Paula Corradini.
Páginas: 272.
ISBN: 9788581630113.
Editora: Novo Conceito.
Sinopse:
Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No
entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está
morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não
bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir
ajuda.
Lia tem de lidar com o pai, que é um renomado escritor,
sua madrasta e a mãe, uma cardiologista que vive ocupada, salvando a
vida dos outros. Contudo, seu maior tormento é a voz dentro de si mesma,
que não a deixa se esquecer de manter o controle, continuar forte e
perder mais, sempre perder mais, e pesar menos. Bem menos.
Olá, leitores! A resenha de hoje é sobre um livro com um tema bastante delicado de ser tratado: anorexia e bulimia. Eu gostei bastante do livro. Vamos aos comentários e participe do sorteio no final do post.
Lia é uma garota que tem anorexia, um distúrbio provocado por um extremamente rígido e insuficiente regime alimentar (Wikipedia). Por mais que deseje comer pizzas, batatas fritas, waffles e hambúrgueres, Lia se apavora com a ideia da quantidade de gordura que essas coisas podem produzir em seu corpo. Ela mantém um controle absurdamente rígido sobre a quantidade de calorias que ingere por dia, sabendo quase de cor quanto adquirirá ao comer uma maçã por exemplo. Uma pessoa normalmente precisa de 2.500 calorias para aguentar o dia. Chega um momento que 500 calorias são muito para a garota. E ela precisa se matar nos exercícios para não ficar gorda.
“Andamos
de mãos dadas pelo caminho de pão de mel até a floresta, sangue
pingando de nossos dedos. Dançamos com bruxas e beijamos monstros.
Nós nos transformamos nas garotas geladas e, quando ela tentou ir
embora, eu a puxei de volta para a neve porque estava com medo de
ficar sozinha.”
Pág. 98.
A narrativa é em primeira pessoa pelo ponto de vista de Lia. Em alguns momentos, a narrativa me lembrou a de Estilhaça-me, como um diário em que a personagem nos mostra o que ela gostaria de comer e, num último momento, preferiu riscar da lista. A autora consegue nos colocar tão dentro da cabeça de Lia que às vezes nos pegamos pensando igual a ela, sentindo os cheiros e a vontade de comer, mas pensando melhor no "estrago" que ingerir aqueles alimentos podem trazer para a nossa vida. Neste caso, é um livro para se ler com cuidado para não se ter ideias erradas.
Eu acho que pessoas anoréxicas não conseguem compreender a diferença entre uma alimentação saudável e uma completamente desregrada. Comer lanches, beber refrigerantes e doces em excesso não fazem bem nem para pessoas fisicamente saudáveis. Mas chegar a achar que uma maçã ou qualquer outra fruta pode trazer um prejuízo gigante ao corpo me faz pensar o quão terrível deve ser conviver com essa doença. E não é ruim somente para a pessoa anoréxica, mas para as outras que convivem diariamente com ela e veem a declinação aos poucos de alguém que amam.
Anorexia não é algo que se manifesta apenas física e fisiologicamente, mas o psicológico da pessoa deturpa tudo. Lia chega a desmaiar muitas vezes por causa da falta de alimentação, isso quando não está aparentemente fora dor ar, desligada do mundo real e vendo coisas que não deveriam estar ali.
Por causa do baixo percentual de gordura em seu corpo, Lia vive sentindo frio. O título original do livro é Wintergirls. Algumas pessoas queriam que a editora tivesse traduzido para algo como "Garotas geladas/frias", mas eu creio que daria uma ideia diferente do que esperar da história. Garotas de vidro mostra a fragilidade da situação em que essas garotas na vida real, e alguns vezes garotos também, se encontram por causa da anorexia.
É um livro de leitura rápida em que a gente levanta vários questionamentos. Até onde uma pessoa pode ir para ter o corpo perfeito? Por que elas não conseguem perceber o grande mal que fazem à própria vida ao se privar do simples e necessário prazer de comer algo? É um tema bastante delicado de ser tratado e, apesar de esperar um final diferente, gostei do modo como a autora resolveu terminá-lo.
Recomendo a leitura para vocês que querem entrar na cabeça de uma pessoa anoréxica e tentar de algum modo entendê-la e para você que passa por algo parecido e que veja que não precisa sacrificar tantas coisas para ser feliz consigo mesmo/a.
“Tiro
meu braço da água. É um tronco. Eu o coloco debaixo d'água e ele
incha e fica ainda maior. As pessoas veem o tronco e o chamam de
vareta. Berram comigo porque eu não consigo ver o que elas veem.
Ninguém consegue me explicar por que meus olhos funcionam de um
jeito diferente. Ninguém consegue impedir isso.”
Pág.
191/192.
Para participar do sorteio do livro, preencha o formulário do Rafflecopter abaixo. Válido somente para quem reside em território nacional brasileiro. Fique atento aos "Terms and Conditions" e boa sorte!
