Eu estava pensando esses dias que eu não me importava de saber spoilers. Isso bem antes de ter acesso à Internet ou mesmo ter um computador em casa.
Lembro que, no começo de 2000, ficava sempre ansioso para saber o que aconteceria nos próximos capítulos de Malhação e das outras novelas que eu assistia. Sim, houve uma época tenebrosa em que eu era noveleiro. A fonte para saber o resumão dos capítulos da semana estava sempre presente no caderno de tevê dos jornais impressos que saíam aos domingos. O spoiler àquela época funcionava assim para mim: eu sabia o que ia acontecer, mas ansiava sobre como ia acontecer. Morria quando, no lugar do resumo, tinha a seguinte mensagem "capítulo não fornecido pela emissora".
Mas com a Internet, lá para 2004/5, eu descobri que o spoiler era algo ruim. O que a Internet me trouxe foi a criação de teorias mirabolantes sobre o que aconteceria no próximo livro de Harry Potter. Uma das coisas que mais me deixam feliz é lembrar que vive a ansiedade pelo próximo livro a ser publicado. Eu não acompanhava série alguma de tevê com afinco, mas essa palavrinha sempre precedia algum comentário feito por alguém que ainda não assistira ao episódio recente que outrem assistira.
Um dos maiores spoilers da minha vida foi saber o que acontece no final de Harry Potter e o enigma do Príncipe. O aviso estava lá na matéria do jornal, mas, curioso, eu prossegui. E foi a partir daí que eu resolvi não querer saber a mínima coisa sobre algum livro que eu vou ler.
A verdade é que o spoiler na literatura é incômodo. E é difícil escapar dele, porque boa parte dos livros atuais são séries. Há tantas facilidades de saber o que acontece na continuação, mesmo que o livro ainda não tenha saído em português, que a situação atinge um limite crítico. Você deseja saber ler bem em inglês para poder se jogar logo na leitura.
Há aqueles que, ao descobrirem algum spoiler, chutam o balde e querem saber logo de vários outros. E há aqueles, como eu, que por mais óbvio que seja o que vier, quer pular no pescoço de quem contou.