quinta-feira, 24 de maio de 2012

Resenha | A Casa das Orquídeas

A Casa das Orquídeas
Autora: Lucinda Riley.
Tradução: Bárbara Menezes de A. Belamoglie.
Páginas: 560.
ISBN: 9788563219961.
Editora: Novo Conceito.

Sinopse:

Quando criança, a pianista Júlia Forrester passava seu tempo na estufa da propriedade de Wharton Park, onde flores exóticas cultivadas pelo seu avô nasciam e morriam com as estações. Agora, recuperando-se de uma tragédia na família, ela busca mais uma vez o conforto de Wharton Park, recém-herdada por Kit Crawford, um homem carismático que também tem uma história triste. No entanto, quando um antigo diário é encontrado durante uma reforma, os dois procuram a avó de Júlia para descobrirem a verdade sobre o romance que destruiu o futuro de Wharton Park... E, assim, Júlia é levada de volta no tempo, para o mundo de Olívia e Harry Crawford, um jovem casal separado cruelmente pela Segunda Guerra Mundial, cujo frágil casamento estava destinado a afetar a felicidade de muitas gerações, inclusive da de Júlia.

Olá, leitores! Hoje eu vou comentar - e muito - sobre o ótimo A Casa das Orquídeas. Eu não esperava gostar muito e fiquei bastante apreensivo com seu tamanho. Mas a leitura deste livro me agradou tanto que eu não sei se falei demais na resenha ou se deixei de falar tudo o que eu gostei e pensei sobre essa história de amor, envolvendo tradições, amores e famílias de várias gerações.

Júlia Forrester é uma famosa pianista que, quando criança, adorava ficar na estufa de flores acompanhando o trabalho de seu avó Bill numa propriedade do interior da Inglaterra chamada Wharton Park. No começo, nós temos uma Júlia depressiva, que passou por uma tragédia e se sente muito culpada. Mas uma breve visita a Wharton Park é o pontapé para que ela comece a viver uma nova história. Um diário é encontrado e os segredos que ele guarda podem explicar toda a destruição da propriedade nos dias atuais.

Quando Júlia leva o diário para a casa de sua avó Elsie, supondo se tratar do diário de seu falecido avô, uma antiga história sobre os velhos moradores de Wharton Park precisa ser contada. Somos transportados primeiramente para o período iminente da Segunda Guerra Mundial e, depois, para o que aconteceu após a guerra. As histórias que a vovó Elsie conta revelam fatos que afetam completamente a vida das pessoas que se relacionam ou se relacionaram àquela propriedade. É como se fosse um livro dentro de outro livro, com todos os elementos para nos deixar curioso e querer saber mais. Conhecemos a história de Olívia e Harry para entendermos como suas atitudes refletem na história de Júlia e Kit.

“(...) Ouvir a maneira como outros, inclusive minha avó, lidaram com o medo de perder pessoas queridas, e sobre a complexidade da vida entre as paredes de Wharton Park, me mostra que não sou a única que já sofreu.”
Pág. 211.

Kit Crawford, o herdeiro atual de Wharton Park, parece um cara sempre disposto a ajudar as pessoas, mas quando as pessoas são assim normalmente "sofrem" porque as pessoas ajudadas não conseguem entender ou separar os sentimentos. Ou entendê-los. Mas é como Júlia diz em um dado momento: eles não são adolescentes vivendo o primeiro amor. São adultos, já possuem uma carga de vida enorme. Os dois sofreram perdas, talvez uma maior que a outra, mas intensa do mesmo jeito. Eu realmente não acho que uma pessoa esteja tão preparada para amar outra depois de uma tragédia como essa por que Júlia passou, mas talvez amar alguém dê a força necessária para alguém suportar o que aconteceu e se ajustar à nova vida.

Olívia é uma personagem que desperta sentimentos controversos nos leitores. Ela tem uma ideia de amor um tanto quanto baseada em contos de fadas. Ela chega a ser muito inocente quanto ao que acontece ao seu redor, ou é uma completa fingida que não quer ver o óbvio na esperança de que as coisas mudem e sejam como devem ser. Apesar de tudo, é uma personagem empática.

Eu acabei não gostando muito de algumas atitudes de Harry em certa parte do livro. Realmente, ele é um personagem confuso com o que quer da vida. Imaturo num nível bem alto. Eu consigo entender o lado dele, mas ele é um homem adulto, um capitão que lutou na guerra. Deveria ser uma pessoa capaz de tomar decisões mais precisas, mais rápidas. Ele chega até a ser egoísta por "brincar" com os sentimentos dos outros.

"Ele chorou pelo seu sofrimento, pelo sofrimento daqueles que tiveram mortes tão terríveis e sem sentido. Chorou por sua mãe e Olívia e Wharton Park, e pela bagunça que tinha feito em sua vida até então. Mas, acima de tudo, porque havia encontrado a coisa mais bonita do mundo e ela não podia ser sua."
Pág. 335.

Bill demonstra uma grande amizade por Harry ao empreender uma jornada tão grande, especial, como a que o patrão, e por que não amigo, propôs. Foi bom para conhecermos como as orquídeas foram parar em Wharton Park e, claro, de suma importância para a história como um todo. Eu fiquei um pouco irritado com um certo acontecimento no final do livro quando Júlia visita a França. E, sinceramente, teria me irritado muito mais se a autora não tivesse sido sensata... porém, a história toda é muito bonita, apesar das várias tragédias que acompanhamos. 

Nunca vi um subtítulo de livro ser tão fiel à história contada. Há segredos em todas as casas das histórias e todas as pessoas que amaram pagaram algum preço por esse sentimento. A vida não é perfeita, às vezes temos que tomar decisões que para uns podem ser egoístas, mas para outros podem significar a sobrevivência ou estabilidade de um todo. Ou apenas a felicidade pessoal, e é praticamente isso que todos nós desejamos para nossa vida, certo? Se tomamos as decisões corretas, se não tomamos... só o tempo é capaz de nos dar uma resposta.

A narrativa é feita em terceira pessoa durante boa parte da história, mesmo quando a vovó Elsie conta a história dos antigos moradores de Wharton Park. Os poucos momentos em que a narrativa muda para primeira pessoa, são quando olhamos para o mundo através dos olhos de Júlia. A capa é realmente bonita e o detalhe fica por conta do casal mais jovem na frente e mais antigo na contracapa.

Mais uma coisa que eu tenho que dizer a vocês é que eu não sou fã de romances, mas que este me conquistou - se me permitem o uso desta palavra. Entendam: para eu gostar de romance, ele tem que ser muito bom. Eu terminava um capítulo e pensava comigo: só vou ler mais um. E quando via, esse mais um se tornava dois ou três capítulos lidos. É uma leitura muito gostosa, uma história que tem um tom de romance histórico embora não o seja. Notei uns errinhos de revisão de troca de gêneros masculino pelo feminino que não atrapalham a leitura, mas que são os únicos "problemas" que eu posso citar sobre o  livro.

Recomendadíssimo!

“(...) Como você sabe muito bem, a vida é curta. Nós pensamos muito e analisamos tudo hoje em dia. Esqueça os pensamentos, apenas siga seu coração.”
Pág. 270.
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