segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Resenha | Corações feridos

Corações feridos
Autor: Louisa Reid.
Tradução: Thiago Mlaker.
Editora: Novo Conceito.
Páginas: 256.
ISBN: 9788581630441.
Capítulo do Livro
Skoob

Sinopse:

Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Enquanto Hephzi é linda e voluntariosa, Reb sofre da Síndrome de Treacher Collins — que deformou enormemente seu rosto — e é mais cuidadosa. Apesar de suas diferenças, as garotas são como quaisquer irmãs: implicam uma com a outra, mas se amam e se defendem. E também guardam um segredo terrível como só irmãos conseguem guardar. Um segredo que esconde o que acontece quando seu pai, um religioso fanático, tranca a porta de casa. No entanto, quando a ousada Hephzibah começa a vislumbrar a possibilidade de escapar da opressão em que vive, os segredos que rondam sua família cobram-lhe um preço alto: seu trágico fim. E só Rebecca, que esteve o tempo todo ao lado da irmã, sabe a verdadeira causa de sua morte... Hephzi sonhara escapar, mas falhara. Será que Rebecca poderia encontrar, finalmente, a liberdade?

Olá, pessoal! A resenha de hoje é sobre um livro forte. Muito, muito forte. Se alguém disser que é um livro bonito, no mínimo essa pessoa gosta de ver o sofrimento alheio. Porque neste livro, ele está presente em vários momentos. Na verdade, a única coisa bela que ocorre no livro não tem como contar sem estragar a surpresa de quem for ler.

Meus pais tinham sua definição particular do que era o bem e o mal. Na Igreja, nosso Pai é um homem de Deus; na cidade, ele é um modelo de virtude; e, na casa paroquial, eu era o mal, porque fora marcada. Foi o que me disseram assim que eu tive idade suficiente para entender.
Página 92.

Corações feridos conta a história de duas irmãs gêmeas que vivem sob o extremo domínio de um pai rigoroso. Hephzibah e Rebecca, apesar de gêmeas, são diferentes tanto na personalidade quanto na aparência. Hephzi é linda e com um espírito livre, enquanto Rebecca possuiu uma deformação facial chamada Treacher Collins. Se vocês leram Extraordinário (Intrínseca, 2013), devem lembrar que o August possuiu uma deformação facial também. A de Rebecca é por aí. Eu não aconselho a ninguém pesquisar sobre ela. Imagens bem impactantes podem surgir, embora eu precisei pesquisar para conseguir ter uma ideia melhor da aparência de Rebecca.

Voltando à história. Praticamente durante todo a sua vida, as irmãs foram educadas em casa sob os princípios religiosos de dois pais fanáticos. Apesar de ser um livro contemporâneo, as meninas pareciam viver numa época anacrônica. Elas conhecem computador a partir do momento em que passam a frequentar a escola comum. Começam a mudar, bem levemente, alguns preconceitos instigados por sua criação e Hephzibah começa a namorar às escondidas. E é por conta desse namoro que a história do livro ganha combustível e se desenvolve.

A narrativa é em primeira pessoa pelo ponto de vista das duas irmãs. Os capítulos são intercalados em presente e passado. No presente, Rebecca nos mostra o que acontece agora que a irmã morreu e sua luta solitária para viver dia após dia. No passado, Hephzi nos mostra essa transição do enclausuramento forçado em que viviam para o mundo super normal da vida de um adolescente comum até o momento em que ela não tem mais nada o que nos contar.

Eu me surpreendi bastante. Confesso que o que mais me atraiu, a princípio, foi a capa. Gosto de capas com cores fortes e um quê mais sombrio. Acredito que teria ficado mais bonita ainda se tivessem colocado textura soft touch. A diagramação é a padrão da editora Novo Conceito, com um pequeno detalhe no formato de galhos no começo de cada capítulo.

Louisa não mede palavras para descrever as cenas violentas. Motivo este para que eu dissesse no começo da resenha que não tem como ver beleza quando as personagens passam por esses momentos terríveis. Já não bastasse sofrer pelas mãos do pai, elas têm de seguir firme sem o apoio de uma mãe fria. Durante todo o livro, a autora nos deixa a entender que algo mais aconteceu com aquelas meninas. E esse algo, na minha opinião, ficou em aberto.

É uma leitura muito recomendada. Não vai ser fácil. Vocês vão se sentir bastante incomodados. Acredito que o título reflete bem o que esperar da história. Afinal, aqueles que feriram o coração das meninas são os que deveriam proteger e dar amor incondicionais.

- As pessoas não se preocupam, eles querem uma vida sossegada.
- Bem, eles deveriam ter vergonha de si mesmos.
Talvez sim. A raiva exigira muita energia de mim, e eu precisava de todas as forças que me restavam para enfrentar o resto da minha vida.
Página 208.

Image Hosted by ImageShack.us
Image Hosted by ImageShack.us