sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Resenha | O Palácio de Inverno

O Palácio de Inverno
Autor: John Boyne.
Tradução: Denise Bottmann.
ISBN: 9788535917109.
Páginas: 456.
Editora: Companhia das Letras.
Capítulo do Livro
Skoob

Sinopse:

Pode-se fugir da história? Será possível viver no anonimato após uma existência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública? Geórgui Jachmenev passou a vida inteira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século XX que sempre lhe pareceu longo demais.

Olá, pessoal! Hoje eu vou comentar um pouco sobre um livro de um dos meus autores preferidos. Eu ganhei. Eu ganhei O Palácio de Inverno da Gisela do Ler para divertir quando fiz aniversário. Era o único livro do John publicado no Brasil que eu ainda não tinha.

(...) Assassinato é uma coisa terrível. É uma forma de protesto extremamente covarde.
Página 93.

John Boyne nos apresenta Geórgui Jachmenev, um senhor de 82 anos que mora em Londres com sua esposa tão amada, Zoia. Eles vivem pacatamente, mas em constante estado de alerta com medo de que alguém descubra quem eles realmente são. Quando tinha 16 anos, Geórgui salvou o grão-duque, irmão do czar, de morrer ao tentar evitar que seu melhor amigo se tornasse assassino. Como prêmio para tal ato de bravura, o grão-duque o recomenda ao czar Nicolau II para ser guarda-costas do czaréviche Alexi, 11 anos, único filho homem do czar. É assim que ele acaba indo parar no Palácio de Inverno e conhece de perto a Família Real Russa, esse pessoal da foto abaixo.



De cara, Geórgui fica deslumbrado com todo esplendor e suntuosidade que encontra lá. Há ouro, mármore e vários artefatos raros e impressionantes por todo lado. Mas Geórgui também se impressiona com as pessoas. Quem logo chama sua atenção é Anastácia, uma das filhas do czar. Ele se surpreende com o tratamento que a czarina Alexandra dá aos subordinados, como se não os enxergasse mesmo estando na mesma sala que eles. Conhece o detestável Rasputin e descobre o motivo real de Alexi ser tão super cuidado - um segredo que a Família Real Russa mantinha escondido.

Uma das coisas mais interessantes nos livros do John Boyne é que eles nos instigam a ir atrás de mais informações sobre o que estamos lendo. O propósito não é só nos entreter com uma narrativa maravilhosa, é nos apresentar esses momentos históricos e tão importantes da história mundial que a gente normalmente não se interessaria. A pesquisa do John é espetacular. Eu aprendi muita coisa sobres os czares e as outras famílias reais da Europa lendo este livro. Por exemplo, não sabia que as famílias reais eram tão ligadas. E que a figura do czar era vista de forma tão divina. A personalidade dos membros da família russa e de outros personagens que vivem no Palácio também foi pesquisada para dar mais verossimilhança.

Então, eu preciso dar um GRANDE alerta para vocês que estão lendo ou pretendem ler: não pesquisem sobre a Família Real Russa do período do czar Nicolau II. Vocês lerão um acontecimento marcante narrado no final do livro que pode fazer com que a graça toda da leitura seja perdida.

Eu confesso que eu tive uma dificuldade de leitura enorme com O Palácio de Inverno. Não há a simplicidade da narrativa de O menino do pijama listrado ou mesmo Noah foge de casa. John usou e abusou de palavras incomuns, tornando a narrativa mais densa. É um livro para ser lido com parcimônia. Enquanto conhecemos o Geórgui do passado, sua história corre de maneira linear pra frente e as páginas passam mais rapidamente. Enquanto Geórgui nos apresenta seus momentos pós Rússia, os fatos são apresentados do futuro para o passado. Começamos em 1981, somos levados para 1979 e assim por... diante.

(...) Parecia tão distante de minhas expectativas em relação ao mundo que eu tinha certeza de que, a qualquer momento, acordaria e descobriria que tudo não passava de um sonho, e que o czar, o Palácio de Inverno e todas as glórias ali encerradas, até o belo ovo Fabergé, iriam se dissolver diante de mim e estaria novamente no chão de nossa isbá em cáchin, despertando aos pontapés de Daniel, a exigir o desjejum.
Página 99.
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