domingo, 25 de março de 2012

Entrevista | Juliano Schiavo, autor de O Silêncio das Mariposas

"Nossa vida sofre mudanças tão repentinas que, os sonhos de hoje, podem não ser os de amanhã. Vou fazendo o que posso, lutando pelo que tenho vontade de conquistar." - Juliano Schiavo.

A primeira entrevista do blog é com o autor, jornalista e estudante de Ciências Biológicas Juliano Schiavo. Juliano possui três livros disponibilizados para download. Sociedade do lixo é um livro-reportagem escrito em parceria com seus amigos jornalistas Analúcia Neves e Lucas Claro como trabalho de conclusão de curso. Consternado "é uma trama repleta de palavras de baixo-calão, humor, reviravoltas, que traz a história de Adônis, um cara com Complexo de Édipo, que vive com sua meio-irmã, Suzana. Ele delira entre momentos de lucidez e loucura. A primeira parte foca mais a vida de Adônis. A segunda, traz outras personagens e, no final, tudo se cruza. É um livro para público mais adulto, por conta do tipo da linguagem adotada." O Silêncio das Mariposas traz um personagem sem nome, sem sexo, que, ao ser transformada em vampiro descobre os prazeres e sofrimentos da vida em morte ao perceber seus instintos tão aguçados.

Juliano se sente "ressabiado" com título de escritor, uma vez que não vive da escrita. Entre seus temas literários preferidos, o universo fantástico se destaca. Ele gosta das Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin. Mas ele não deixa de ler um livro que tiver uma boa trama psicológica bem narrada. Ele se diz tímido para mostrar seus trabalhos para pessoas mais próximas, como familiares e amigos. Quando criança, não gostava de ler porque a leitura era algo visto com obrigação, passando a ter interesse pelas letras quando entrou na faculdade de Jornalismo.

Confiram a entrevista que ele deu ao blog (após essa pessoa aqui incomodá-lo num domingo desses).

1 - Como surgiu a ideia de escrever O Silêncio das Mariposas?
A ideia começou a ser formatada no final de dezembro de 2008. Mas só comecei a colocá-la no Word em 2009. Terminei de escrevê-lo, sem nenhuma revisão, em maior de 2009. Foi um processo complicado, na medida em que este livro me deixou com um vazio ao escrevê-lo. Apesar de escrever por prazer, como uma espécie de hobby, já que não tenho como ofício ser escritor, acabei por entrar numa espécie de “depressão oriunda da criação”. Tive que entrar no universo da personagem, criar uma espécie de “personalidade sociopata”, enfim, mergulhar num mundo obscuro.

2 - Em O Silêncio das Mariposas, somos apresentados a uma personagem sem nome e sexo. Por que decidiu seguir por esse caminho? O quanto a personagem tem do autor?
Acredito que a minha proposta – não sei se a alcancei, isso são os leitores que julgam – é trazer, acima de uma personagem cheia de estereótipos (se é homem ou mulher, o nome, onde mora), uma personagem humana. O que me preocupei foi tentar esmiuçar uma personagem e seus conflitos psicológicos, seus dramas existências, sua rotina muitas vezes repetitivas, mas que ela não consegue vencer – mesmo querendo. Não digo que a personagem tenha algo específico do autor. Embora eu consiga sentir o que a personagem sente em muitos momentos – a proposta é trabalhar os sentimentos e dilemas existenciais, o que muitas vezes me pego a refletir – a minha criação ela vai além de mim. Ela me transcende, ela tem uma vida própria, que me sinto ofuscado por ela. Sempre que pensava na personagem, era como se ao descrevê-la, eu realmente enxergasse-a como uma outra pessoa.

3 - Muitos escritores temem a crítica, sendo ela positiva ou negativa. Como você lida com ela?
A crítica negativa faz parte do ambiente literário. Por se tratar de uma obra de natureza humana, ela está aberta a imperfeições. A princípio, ficava meio chateado, mas fui salientando as arestas das críticas e, aos poucos, fui observando que, por detrás de uma crítica negativa, há uma nova possibilidade de mudança, uma forma de melhorar o texto, lapidá-lo. Um texto que não recebe críticas, passa despercebido. No blog de divulgação do livro, coloco todas as críticas que recebo, independentemente se elas são positivas ou negativas.

4 - Existe algum tema polêmico que você gostaria de ler, mas não encontra com facilidade? Você leu Lolita e o livro tem uma temática bem delicada de ser tratada. 
Eu não tenho nenhum tema polêmico que me chama a atenção. Embora goste de tramas psicológicas e que tragam personagens mais "problemáticas", tento captar de que forma o autor moldou a personagem, como ele tratou os conflitos dela.

5 - Ser formado em Jornalismo colaborou na hora da escrita de que forma?
O jornalismo me trouxe a técnica da escrita, que ainda estou lapidando. Ele me deu uma base para que eu pudesse ter dimensão das palavras e do seu uso. Tanto é que meu primeiro livro disponibilizado é um livro-reportagem. Nele, utilizado a técnica do jornalismo literário e interpretativo para contar histórias reais.

6 - O que ser escritor trouxe de bom para a sua vida? Conheceu pessoas, lugares, viveu experiências interessantes?
Com o processo de escrever, tive muitos contatos com pessoas do mundo literário. Fiz, por exemplo, a 4ª página do livro Apenas uma Taça da Georgette Sillen. Tenho meu texto Beduim disponibilizado no livro O Infinito é Logo Ali, da Katya Forti. Além disso, tive contato com muitos leitores, que trouxeram suas impressões das obras. Quanto às viagens... bem... Viajo muito pouco (risos). Minha viagem é no mundo da imaginação.

7 - Quais dificuldades e caminhos você percorreu para O Silêncio das Mariposas ser publicado?
São várias as dificuldades, a começar pela necessidade de “doar” seu tempo para a produção do livro. Outra dificuldade é enfrentar o medo do “impacto”, saber como a obra será recebida. Procurei algumas editoras para apresentar o original, mas é complicado, pois é um mercado fechado. Eu já sabia das dificuldades quando comecei a escrever. É complicado investir numa pessoa que está começando, engatinhando e não tem o nome fortalecido. Quem é Juliano Schiavo? Ninguém. Apenas um admirador da escrita (risos) Na época, achei a proposta da editora Multifoco interessante e assinei contrato, por demanda.  Foram cerca de 60 livros que vendi pela internet. Mas como estava sozinho na divulgação e eu estava demandando muita energia, decidi romper o contrato e liberar a obra para download gratuito.

8 - Como foi ver seu livro impresso, tê-lo em mãos, pela primeira vez?
É uma sensação de euforia, medo, insegurança e felicidade. Tudo junto e misturado. Você olha o papel, as palavras impressas, sente o cheio do livro. Dá uma felicidade em vê-lo ali, bonitinho, todo exibido com sua lombada (risos). E depois se pergunta: como faço para fazer com que este livro possa alcançar os leitores?

9 - Quando criança, você gostava de ler? Se sim, o que lia?
Não gostava de ler. Embora meus pais sempre me estimulassem, eu fugia dos livros por conta da forma como a leitura era encarada na escola: uma obrigação. Só fui começar a ter gosto pela literatura quando entrei para a faculdade de Jornalismo, com 17 anos. A partir daí, tive uma outra visão sobre as letras, sobre a forma de encarar a leitura: tornou-se um prazer e não uma obrigação (tirando os livros técnicos).

10 - No momento, você tem algum projeto em andamento ou está somente focado nos estudos?
No momento, só nos estudos. Até tinha começado a rascunhar um novo livro, mas decidi não me aventurar.  Sei que quando começo algo que me prende de alguma maneira, tenho que terminar. Então... melhorar esperar um momento em que tenha tempo e dedicação.

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