Autor: André Vianco (@andrevianco).
Páginas: 272.
ISBN: 9788532526441.
Editora: Rocco.
Leia um trecho: aqui.
Sinopse:
Abalada pela doença do pai e com um passado que lhe pesa na consciência, Laura encontra um pouco de consolo na amizade com Miguel, um homem com quem conversa diariamente em um banco de praça e cujas palavras funcionam como um bálsamo para seu coração dilacerado. O que a jovem não sabe é que seu amigo está sendo observado por Marcel, um detetive particular contratado por um cliente misterioso que se preocupa com ela e desconfia que há algo errado.
Paralelamente, acompanhamos a história de Alan, um investigador da Polícia Civil que nunca se recuperou da morte da mulher, assassinada durante uma troca de tiros em plena rua. Suspeito de quatro homicídios, o policial está na mira da Corregedoria e é observado de perto por Gabriela, a bela agente encarregada de verificar se ele é mesmo culpado. Juntos, eles acompanham o caso de Débora, uma viciada em drogas encontrada morta com o rosto desfigurado por golpes violentos.
Conforme seu trabalho avança, Marcel percebe que uma aura de mistério cerca Miguel, que só pode ser rastreado até certo ponto. Sentado em um bar de uma comunidade pobre, o detetive particular vê seu alvo sumir dentro de um barraco que parece bastante movimentado. Quando ele finalmente consegue entrar pela mesma porta que seu alvo, uma surpresa: o lugar não passa de um cubículo quente, escuro e sem janelas, inteiramente vazio. Nesse ponto, Marcel já está completamente fascinado por Laura, o que transforma a descoberta da verdade em uma questão de honra.
Eu simplesmente adorei esse livro. Confesso que no começo da leitura eu não me senti fisgado, mas aos poucos André Vianco vai nos levando para esse mundo misterioso em que nos deparamos com Laura. Laura é uma mulher que sofreu bastante. Perdeu alguém que amava muito, passou por um divórcio doloroso e, para piorar ainda mais sua vida, seu pai se encontra em coma por causa de um AVC. Eu disse para piorar? Espera aí, eu ainda não contei que Laura tentou se matar.
“Mais uma vez ela encarava o pai e, sem se dar conta, alisava a cicatriz no próprio pulso. Não entendia como uns lutavam tanto para manterem-se agarrados ao fio da vida e outros, fracos como ela, entregavam-se de bandeja às teias da morte, de bom grado, de boa vontade, com todo desejo de ir-se embora para o outro lado do manto (...)” Pág. 09.
Para se confortar de todo sofrimento, Laura se encontra com um amigo praticamente todos os dias no seu horário de almoço. Miguel parece entendê-la melhor do que qualquer outra pessoa, até mesmo sua amiga Simone, com quem trabalha restaurando as esculturas de uma igreja.
É por causa de Miguel que conhecemos Marcel, um investigador que adora montar quebra-cabeças. Certo dia, um estranho homem aparece em seu escritório solicitando seus serviços em nome de um contratante misterioso. Ao se reunir com esse contratante num bar, Marcel fica, de fato, sabendo o que deve vigiar. Quem é aquele estranho que fica conversando com Laura todos os dias?
Imediatamente, Marcel parte para suas investigações, presumindo se tratar de apenas um caso de amantes. Mas o que ele está para descobrir e viver naqueles meses de investigação pode mudar completamente o rumo de sua vida. Marcel e Laura têm mais em comum do que poderiam imaginar. E por causa de Miguel e uma série de outras circunstâncias, os dois acabam se aproximando.
Creio que uma das coisas que O caso Laura nos faz pensar é naquelas pessoas que aparecem de repente em nossas vidas e, apesar de serem completamente estranhas, nos fazem um bem danado. Isso porque alguém que invade nossa casa e nos salva dos braços de um triste fim só pode querer nosso bem. E há essa passagem no livro (pág. 136) e ela me tocou e me fez pensar em muitas coisas. Não que alguma vez eu tenha pensado dar um fim na vida, Deus me livre isso. Mas nos faz ver que perdemos muito tempo lamentando a vida e deixamos de viver, uma lição que eu gostaria de ter aprendido há mais tempo.
“ (…) e assim entendemos que iremos fatalmente perecer, mas nos assombramos quando a morte nos lambe ternamente e leva quem está ao nosso lado, como se fosse um tipo de lembrete sem graça de que não foi hoje, mas amanhã poderá ser. Por que tanta preocupação entre os períodos de acordar e dormir? Para que desesperar-nos se entramos no cheque especial? Para que tanto drama se perdemos uma coisa importante, feita de papel ou couro, ou uma joia que era para pendurar no pescoço quando lembramos que podemos perder a existência?” Pág. 255.
Simplesmente perfeita a lição que podemos tirar desse livro. Recomendadíssimo.
PS: eu resolvi escrever essa resenha apenas abordando Laura, pois o livro também nos conta a história de Alan, que vive atormentado pela morte de sua adorada esposa. Vigiado por Gabriela, uma representante da Corregedoria, ele tem que andar "pianinho" para não cometer deslizes em sua função enquanto, juntos, investigam a morte de uma garota.