domingo, 17 de julho de 2011

Harry Potter, sempre.


Quem é que nunca sonhou em receber uma chuva de cartas estranhas e misteriosas, convidando-o para embarcar num mundo completamente novo? Milhões de pessoas por todo mundo trouxa aguardaram que sua carta chegasse, que o convite para sair de uma vidinha chata e monótona aparecesse. Mal sabiam eles que, embora nenhuma coruja tenha largado um papel pardo na soleira de sua casa, os convites para Hogwarts chegaram.

Nossas cartas vieram sete vezes. Em cada uma delas, vivenciamos sensações únicas e diferentes. Descobrimos, aos poucos, um pouco mais daquele lugar ao qual sempre recorreremos ao nos sentirmos desolados, órfãos por esse momento que sabíamos que chegaria, mas não sabíamos a intensidade com a qual seriamos afetados.


Nossa emoção já deveria estar muito bem preparada para o fim. Afinal de contas, foi em 2007 que viramos a última página da história e levamos o baque. Não haveria mais Harry Potter para nos acompanhar. Mas parece que quando você tem imagens, tudo fica muito mais concreto. Todas as pessoas que acompanharam, de verdade mesmo, essa série devem ter se sentido perdidas após o escurecer da cena do epílogo. Quem queria levantar da cadeira do cinema quando os créditos começaram? Bem, eu continuei sentado um bom tempo e por todo cinema apenas mais umas três pessoas. Não sei quanto a elas, não as conheço, mas ver que não haveria outras coisas pelas quais esperar foi a mesma sensação de ter perdido uma parte muito importante da minha vida.

Quando eu saí do cinema, eu fiz bem em ir ao banheiro olhar para minha cara. Meus olhos brilhavam, meu rosto estava abatido. Parecia que eu tinha terminado uma relação de anos e anos da pior forma possível. Não, na verdade minha relação com a série Harry Potter não terminou da pior forma possível. Eu me deixei emocionar por todas as cenas daquele filme. Não me importava o que as pessoas poderiam dizer ao me ver ali, sozinho, lágrimas caindo dos olhos, risos escapando da boca, a aflição estampada no meu rosto a cada minuto em que se aproximava do fim... e na minha mente eu apenas pensava... ainda tem mais. Ainda há muita coisa por vir. Não está acabando.

Agora mesmo enquanto escrevo volto a sentir tudo aquilo. Parece que estou vendo um filme de todos esses anos em que acompanhei a série. Minha viagem no Expresso de Hogwarts foi solitária, mas única. Não tive fisicamente os amigos com que ir para Hogwarts aprender feitiços, poções ou mesmo me defender das artes das trevas. Mas consegui juntar algumas relíquias pelo caminho. 


Conheci pessoas pela internet com que converso há alguns anos já, me tornei moderador de uma das maiores comunidades de Harry Potter do Orkut. Não vivenciei todos os momentos dessa comunidade, mas sei a importância de sua história.

Muita gente não entende os motivos dos fãs se sentirem tristes com o fim. Na verdade, eles se sentem realizados por ter acompanhado a série até este momento. Até o grand finalle. Quem é que não tinha medo de não poder ver o que aconteceria no último capítulo cinematográfico? Bem, pelo menos eu tinha. 

Harry Potter será inesquecível. Virão anos e anos, décadas, séculos e não aparecerá uma história tão extraordinariamente fantástica quanto essa. Eu me sinto orgulhoso de ter passado pela magia criada por J. K. Rowling e não consigo imaginar como seria minha vida hoje se eu não tivesse conhecido Hogwarts em 22 de dezembro de 2002. Eu teria algum sonho, algo que me motivasse a seguir em frente?

Harry Potter ensinou várias coisas aos seus leitores. Quando entramos em Hogwarts em Pedra Filosofal, descobrimos o valor da amizade. Descobrimos que...

"Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros de altura é uma dessas coisas." 
H.P. e a Pedra Filosofal, pág. 156.

Mas a maior lição que eu tirei de todas essas histórias é que nunca devemos desistir. Devemos confrontar nossos dementadores, devemos nos armar de todos os momentos felizes que já tivemos e batalhar. Devemos passar pelas provas que nos são jogadas nos ombros. Devemos aceitar nosso papel no mundo e tentar fazer o melhor com o tempo que temos por nós e por aqueles que amamos. E a única coisa que podemos fazer é agradecer por esses momentos.

Se você não entende o que Harry Potter representa para aqueles que se dizem tristes pelo fim, respeite, pois certamente você também ficará triste um dia por algo que gosta muito e alguém não te entenderá. Para o fã, curta esse momento de solidão, mas não se esqueça nunca que a vida vai seguir em frente e que, como Dumbledore nos ensinou, não vale a pena viver sonhando e se esquecer de viver.


Os livros e filmes vão continuar com a gente para matar essa saudade. J. K. Rowling nos trouxe o Pottermore neste momento em que ficamos órfãos. Ainda vamos poder viver a magia por mais tempo. Ainda vamos estar com Harry Potter. Até quando? Sempre.
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