Nas minhas pesquisas sobre como escrever um livro, eu sempre me deparei com pessoas que queriam escrever mas não tinham a menor ideia do que queriam escrever. Elas simplesmente queria escrever.
Portanto, a primeira coisa em que vamos pensar hoje é: o que eu quero escrever?
Não interessa se você quer escrever uma história que se passa no mundo real ou imaginário. É de suma importância escrever sobre aquilo que você sabe, sobre aquilo que você conhece. Nunca escreva sobre Nova Iorque se você somente o conhece por outros livros que leu ou filmes e feriados a que assistiu. É provável que você cometa muitos erros e que sua história não seja convincente. Mas se ainda assim quiser escrever sobre Nova Iorque, faça uma pesquisa aprofundada, condensada, sobre a cidade. Não basta saber que a Estátua da Liberdade está lá e que o World Trade Center caiu no 11 de setembro.
Particularmente, eu sou da opinião de que o autor brasileiro deveria falar de temas familiares ao público regional em que o livro será publicado. É gostoso imaginar que a gente está no mesmo restaurante, praia ou rua em que um personagem por quem sentimos empatia passou.
É claro que a história muda de a ambientação for em um mundo imaginário. Este é assunto para outro tópico e será tratado apenas se vocês quiserem.
Então, de onde tirar uma ideia para escrever um livro?
Não é tão complicado quanto vocês podem imaginar. As melhores histórias são aquelas que falam das facetas comuns do dia a dia: histórias de amor, amizade, família, convivência com vizinhos, escola, trabalho, etc. Vocês podem buscá-las nas pessoas ao seu redor, porque antes de tudo um escritor é um observador. Ele pega a realidade e arquiteta seu modo de enxergá-la através das palavras. Se ainda assim as pessoas ao seu redor não forem fonte o suficiente de material para se obter uma ideia, abra jornais, revistas, sites de notícias ou mesmo assista a filmes e seriados. Não preciso dizer pra vocês lerem muitos livros, de todos os gêneros possíveis, né? Praticamente, todos os temas são universais e vocês podem usurpar a essência para si, mas nunca - JAMAIS - peguem uma história pronta e mudem o nome dos personagens ou ambientação, porque isso não agregará valor algum ao seu texto.
J. K. Rowling teve a ideia para escrever Harry Potter em um trem enquanto voltava de Manchester após ver apartamentos para morar com um namorado. Ela diz que a história de um garoto que recebe uma carta o convidando para a escola de magia surgiu do nada em sua cabeça, uma epifania. Quando chegou em casa, ela rascunhou freneticamente tudo o que se lembrava da viagem. Ela não tinha nada naquele momento para anotar, o que pode ter sido bom para as ideias fluírem. Mas minha dica para vocês é: andem sempre com um bloquinho ou caderneta para anotar a mais piegas das ideias que surgem quando menos esperamos. Recortem reportagens e colem no caderno, salvem links de sites que consideram interessantes.
Não fiquem esperando que o próximo Harry Potter surja na sua cabeça. O que aconteceu com Rowling foi um momento raro e que só deve se repetir daqui a muitas décadas. Vamos arregaçar as mangas e começar a trabalhar, porque sucesso não é só sorte; é trabalho árduo também.
Como começar a desenvolver uma história?
Se vocês já têm uma ideia sobre o que escrever, parabéns, vocês já estão adiantados um passo na nossa série. Porém, prossigam com a leitura das postagens.
O dia inteiro eu tentei falar com você, minha história, começou quando eu pensei primeiro e exclusivamente no personagem principal. Vitor Campos é um adolescente de 14 anos, solitário, que tenta entender os motivos que levam o pai a ser tão ausente em sua vida. A partir dessa ideia, dessa linha, eu comecei a imaginar todas as outras coisas: como e quem faz parte da sua família, sua personalidade, história pregressa, etc. Mas vamos supor que eu não tivesse pensado no personagem. Eu poderia ter pensado numa ideia geral para a história: o relacionamento de um filho solitário e um pai ausente e todos os caminhos que podia explorar a partir daí.
Meu dever de casa para vocês é o seguinte:
1 - Pensem em um personagem e lhe dê um objetivo e um conflito, um motivo para ser ou fazer alguma coisa.
2 - Coloque-o em uma determinada situação.
3 - Escrevam em uma linha uma ideia que o resuma.
Usem o caderno ou abram um novo arquivo no computador. Vocês não precisam fazer os três exercícios, são opções para fazer a criatividade começar a aparecer. E se a imaginação fluir durante o exercício, deixem rolar. Escrevam até a mão doer ou caírem no sono. Não se preocupem, não seremos definitivos. Mudaremos muita coisa durante toda a série. Eu também vou escrever uma história juntamente com vocês para servir de exemplo.
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