Vocês certamente já ouviram falar que uma história tem começo, meio e fim. Se pararmos para pensar, todos os bons autores conseguem criar boas histórias quando entendem o conceito básico da estrutura dos três atos.
É sobre eles que eu vou falar hoje.
Ato I
No ato I, a gente conhece a vida cotidiana do personagem principal. É onde descobrimos quem ele é, o que faz, com quem e onde vive. Se for o mundo comum, é importante situar o leitor sem precisar de uma profundidade exagerada. Mas em se tratando de um mundo imaginário, é de extrema necessidade apresentá-lo de modo coerente e fluído durante a narrativa para não sobrecarregar o leitor com informações.
A primeira parte da história pode começar de forma simples, com seu personagem chegando da escola ou num momento do trabalho. Ou de forma impactante e/ou misteriosa, como em Um caso perdido - Hopeless cujo gancho é uma cena da personagem Sky desesperada por algo que só vamos descobrir bem mais pra frente. O que conta neste caso é não demorar muito para apresentar o conflito que o personagem terá de enfrentar para atingir seu objetivo. O ato I não deve ocupar mais do que 30% do seu livro.
Mantenha sempre alguma coisa acontecendo para fisgar o leitor. É assim, por exemplo, que Rowling fez em Harry Potter e a Pedra Filosofal em cada um dos capítulos até o final. Vemos isso, também, em Jogos Vorazes em que terminamos um capítulo e logo queremos partir para o próximo e, quando percebemos, já terminamos de ler.
Então, quando o leitor souber tudo o que for necessário sobre o personagem - seu conflito e objetivo -, prepare-o para embarcar no segundo ato da história, o meio. E como se faz isso? A explicação é simples: deixe seu personagem em uma situação da qual ele não tem mais volta. Exemplos: Harry chegando em Hogwarts, Katniss na contagem regressiva na Arena, Bella descobrindo a verdade sobre Edward Cullen, Triss fazendo sua escolha de facção, etc.
Ato II
Se no ato I é importante que o autor apresente de forma consistente e clara qual o objetivo e o conflito do personagem, no ato II é quando vemos, dentre outros pormenores, a pedra no sapato que testará a determinação do personagem de alcançar ou não seu objetivo. O ato II deve ocupar a maior parte da história.
Por exemplo, em Jogos Vorazes o maior objetivo de Katniss é sair viva da Arena e, para isso, ela tem de enfrentar outras 23 pessoas num jogo mortal.
É preciso criar uma tensão e fazer com que ela aumente a cada página virada. Assim como Suzanne Collins, coloque seu personagem em perigo ou diante de situações em que ele não saiba lidar. Não facilite a vida dele em momento algum, mas tenha certeza de não apelar demais e mostrar algo inverossímil.
Seu personagem nunca está sozinho numa história. Então, aproveite o ato II para falar dos personagens secundários. Contem as histórias deles, o que querem e quais suas dificuldades para alcançar seus objetivos. Trabalhem para que esses subenredos estejam em paralelo com o enredo principal.
E quando seu personagem estiver em seu momento mais complicado, quando vocês tiverem desenvolvido todas as outras histórias, preparem-se para ir ao ato III.
Ato III
Quando vocês deram um objetivo ao personagem, vocês queriam que ele conseguisse ou não alcançá-lo. E o ato III é a parte da história em que vocês colocam o personagem para decidir de fato o que ele quer. É o chamado clímax. A parte mais curta de todo o livro.
Se seu personagem queria o amor de alguém, dê-lhe a resposta. Se ele deveria decidir entre o bem e o mal, mostre de forma tensa essa escolha tão importante. Se for uma luta, mostre o confronto de forma impactante. Independente do que for, é preciso que haja coerência e que o leitor seja convencido e não enganado pelo que o personagem decidir. Todas as situações levantadas ao longo do ato II devem ser amarradas e finalizadas. Principalmente se sua história configura um livro único.
Saiba fechar a cortina e receber os aplausos de quem dedicou um tempo importante ao seu livro.
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