quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Resenha | Lua vermelha

Olá, galera! Hoje eu vou comentar sobre um livro que me surpreendeu bastante. É diferente de muita coisa que eu tenho lido.

Lua vermelha
Autor: Benjamin Percy.
Tradução: Fernanda Abreu.
Editora: Arqueiro.
Páginas: 432.
ISBN: 9788580412185.
Classificação: 4,5/5.
Capítulo do Livro
Skoob

Sinopse:

Eles vivem entre nós. São os seus vizinhos, a sua mãe, o seu namorado. Eles mudam do dia para a noite. Como toda adolescente, Claire Forrester se acha meio deslocada. Quando agentes do governo invadem sua casa e matam seus pais, ela percebe o quanto é diferente. Claire pode se transformar em uma criatura semelhante a um lobo. Ela é uma licana. Patrick Gamble entra em um avião e, horas depois, desembarca como o único sobrevivente de um ataque terrorista promovido pelos licanos. Da noite para o dia, ele vira um herói nacional: o Menino-Milagre. O governador Chase Williams jura que, se for eleito presidente, protegerá o país da ameaça que aterroriza a população. Em meio ao acirramento dos conflitos entre humanos e licanos, seu discurso intensifica a discriminação. No entanto, ele vai se tornar exatamente aquilo que prometeu destruir. Cada um a seu modo, os três estão envolvidos em uma guerra que tem sido controlada com leis, violência e drogas. Mas uma rebelião está prestes a estourar, provocando mortes e destruição e entrelaçando seus destinos para sempre. Com a chegada da noite da lua vermelha, o mundo se tornará irreconhecível. A batalha pela sobrevivência da humanidade irá começar.

O mundo criado por Benjamin é baseado na premissa de uma sociedade em que homens e licanos têm de conviver juntos. Durante toda a história da humanidade, os registros sobre os primeiros licanos podem ser encontrados. Mesmo assim, a sociedade ainda tem o preconceito sobre o que é diferente. Imagina que você precisa colocar na sua identidade aquilo que te diferencia de outra pessoa apenas porque elas não são capazes de lidar com a própria ignorância.

A história

(...) Seu pai o está abandonando, largando o emprego na cervejaria e indo embora lutar em uma guerra, pois sua unidade foi ativada. E Patrick está abandonando o pai, a Califórnia, os amigos, o colégio, deixando para trás tudo o que definia sua vida, tudo o que fazia ser ele.
Página 17.

O livro começa com Patrick Gamble se preparando para ir ao aeroporto com o pai. Ele vai morar com a mãe no Oregon e há um certo conflito de interesse nesta decisão. Ele não quer ir, mas é forçado por conta do trabalho do pai. Então, acompanhamos a tensão de um homem pronto para embarcar no mesmo avião que Patrick. Ele teme que a segurança o pare e arruíne seus planos para dali a alguns minutos, quando o avião estiver no ar.

O homem misterioso é, na verdade, um licano. Uma ser que fica entre o humano comum e o lobo. Ele faz um massacre no avião em pleno ar; e as descrições de algumas mortes são bem cruas, com direito a intestinos removidos e rostos arrancados.

Claire é uma garota com desejos normais de qualquer garota. Quer ir para uma universidade que não fique muito longe de casa e na qual consiga conviver com pessoas comuns, diferentemente das que fazem parte de seu ciclo social. No entanto, as notícias dos atentados a aviões provocados por licanos gera uma ameaça direta para sua família e o pai dela lhe entrega um misterioso envelope momentos antes que algo muito ruim aconteça, forçando Claire a fugir de casa.

Para tentar acalmar a população, o governador Chase Williams promete proteger a população com um plano segregacionista se for eleito presidente do país. O que começou com uma fagulha está a ponto de explodir em chamas.

Desenvolvimento e narrativa

O desenvolvimento do livro no começo é um pouco lento, embora sempre esteja acontecendo alguma coisa para mover a história. Então, ele vai crescendo até chegar num ritmo mais acelerado, constante. A princípio, eu fiquei um pouco confuso na hora de me localizar no tempo da história. Demora um pouco para o autor nos contar que no mundo atual as pessoas precisam aprender a viver com as diferenças ocasionadas por conta de um agente infeccioso que afetou várias pessoas ao redor do planeta e fez com que as nações revessem suas políticas humanitárias. 

Olhando de forma holística, a situação apresentada por Benjamin chegou a me lembrar um pouco a que encontramos em Ensaio sobre a cegueira, com pessoas que não têm culpa desse algo que aconteceu a elas e são praticamente forçadas a viverem de forma segregada porque a ignorância das pessoas comuns sobre os licanos muitas vezes as assusta. Existe um conflito de interesse, porque uma parcela dos licanos é contra a ocupação americana aos territórios da República Lupina para exploração das jazidas de urânio.

A narrativa em terceira pessoa no presente explora o ponto de vista de vários personagens. Benjamin tem uma preocupação de apresentar alguns deles e, na próxima página, matá-los. Não dá para saber quem vai estar vivo no final do livro. Então, é bom preparar o coração. Eu gosto muito quando os autores têm essa ousadia, essa despreocupação sobre o que vão pensar dessa veia assassina que eles carregam. Não há uma morte forçada ou apelativa, as pessoas morrem sempre por algum motivo. Uma das minhas personagens preferidas é a Miriam, uma mulher de 40 anos que vive reclusa num chalé em constante estado de alerta por conta de um passado nada agradável.

Concluindo

Eu recomendo muito a leitura desse livro para quem procura uma história sobre lobos bem diferente de tudo o que já foi publicado por aí. Os licanos de Benjamin não possuem relação com os metamorfos de Crepúsculo, por exemplo. Eles não vivem escondidos num canto qualquer, todos sabem de sua existência. Se vocês gostam de analisar metáforas, se gostam de fazer analogias com o mundo fora dos livros, é também um prato cheio.

É mais fácil não pensar no futuro, mais fácil pensar que não há nada escrito na palma de sua mão. O futuro é uma emboscada. É ausência.
Página 56.

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