sábado, 23 de março de 2013

Resenha | O Cavaleiro Fantasma

O Cavaleiro Fantasma
Autora: Cornelia Funke.
Tradução: Laura Rivas Gagliardi.
ISBN: 9788565765107.
Páginas: 176.
Editora: Seguinte.

Sinopse:

Jon Withcroft não estava nada feliz. E quem gostaria de ser mandado para um internato bem quando a mãe tinha arranjado um namorado novo? Pois, quando chegou em Salisbury, o garoto só pensava nos acidentes que o Barba (apelido “carinhoso” pelo qual Jon se refere ao seu grande rival) poderia estar sofrendo e no que seria escrito na lápide dele caso algum escorregão fosse fatal.
Até que... na sexta noite em Salisbury, Jon descobre um novo motivo para querer voltar correndo para casa: ele passa a ser perseguido por um bando de fantasmas, que desejava nada mais nada menos que a sua morte.
Mas em vez de pedir ajuda para a mãe, Jon recorre a um outro protetor: sir William Longspee, um cavaleiro fantasma que está enterrado na catedral da cidade e que jurou, antes de ser assassinado, estar sempre ao lado dos fracos e inocentes. Ao lado de Jon e de sua amiga Ella, sir William percorre cemitérios e duela contra zumbis, lutando não só para ajudar as crianças como também para cumprir seu próprio destino. Mas, para saber qual seria esse grande mistério que ronda nosso nobre cavaleiro fantasma, só lendo a história toda.

A resenha de hoje é de um livro que me deu uma sopro de ar fresco depois de uma leitura bem cansativa. Eu não esperava gostar o tanto que eu gostei do livro. Pulem para a resenha e corram para ler o livro!

Jon Whitcroft é um garoto de 11 anos que mora com a mãe e duas irmãs mais novas. Seu pai faleceu quando ele tinha 4 anos e, desde então, Jon é o único homem da casa, muito querido pela mãe e o herói das irmãs. Quando Barba, ou Matthew, começa a fazer parte de seu dia a dia, Jon vê seu reino ameaçado. A mãe passou a sair com o cara ao invés de se sentar com Jon para assistir tevê, as irmãs desenhavam corações para Barba e até o cachorro preferia brincar com o novo morador da casa.

Jon tentou armar várias coisas para expulsar Barba de casa, como sumir com as chaves que a mãe lhe dera e obrigar a irmã a colocar mingau nos sapatos dele. Mas quem acabou sendo "expulso" de casa e colocado num trem, a caminho de um internato em Salisbury, foi o próprio garoto. Lá, Jon passa a dividir o quarto com dois garotos que tentam fazê-lo se sentir bem, mas Jon é resoluto em ficar exilado e infeliz. Alguns dias depois de sua chegada à cidade, no meio da noite, é que Jon percebe que a saudade de casa é a última coisa com que deveria se preocupar. Três cavaleiros fantasmas que ninguém mais consegue ver  aparecem na janela de seu quarto e parecem muito determinados a feri-lo.

(…) Obviamente o mundo era um lugar muito mais inquietante do que eu imaginava. Até aquele momento, acreditava que o pior que poderia acontecer a alguém nesta terra era encontrar dentistas barbudos.
Página 31.

É com essa premissa que a história começa a se desenvolver. Apesar de rejeitar a amizade de Angus e Stuart, seus colegas de quarto, Jon fica fascinado por Ella Littlejohn que acredita na história do garoto sobre os cavaleiros fantasmas. Ella convence o garoto a conversar com sua avó Zelda, que tem 75 anos e faz visitas guiadas sobre fantasmas. Lendo um dos vários fichários de Zelda, Jon descobre que o líder dos cavaleiros, Lorde Stourton, e seus criados foram enforcado há centenas de anos em praça pública acusados dos assassinatos de William e Jon Hartgill.

Tá, aí vocês devem estar me perguntando: aonde que entra o tal cavaleiro fantasma que dá título ao livro? É quando aparece um dos personagens que eu mais gostei da história. William Longspee era um cavaleiro que fez muitas coisas ruins quando vivo, mas fez uma promessa para purificar a sua alma ficando ao lado dos inocentes contra os desumanos, dos fracos contra os fortes. Mas acabou morrendo e supostamente continua tentando cumprir sua promessa sempre que alguém o chama pedindo por ajuda.  

Acho que todos nós temos algum herói, fictício ou não, em que nos espelhamos como figura de tudo o que existe de bom e queremos lutar para ser. Nós nunca imaginamos que essa pessoa possa ter um lado sombrio, até que alguém vem e coloca dúvidas na nossa cabeça. A admiração que sentimos pela pessoa enfraquece e temos medo do que vamos ouvir se nos atrevermos a perguntar diretamente a ela se as coisas que ouvimos são reais. Há essa passagem em que a honestidade do Cavaleiro Fantasma é posta em dúvida e aquela figura masculina perfeita que Jon tem para se espelhar ganha algumas rachaduras. Mas é graças a essa admiração por seu herói que Jon tem seu crescimento desenvolvido de forma sutil.

A capa do livro é linda, com vários detalhes prateados formando o desenho do Cavaleiro. O papel é pólen, de uma gramatura mais grossa que o comum e a fonte tem um tamanho ótimo. Encontrei uns poucos erros de revisão - gênero trocado e letra faltando - que não atrapalharam a leitura.

É uma livro prazeroso que me envolveu do começo ao fim, me surpreendendo muito. Eu confesso que estava um pouco receoso com a leitura, mas li O Cavaleiro Fantasma praticamente em um dia e são poucos os livros que eu consigo começar e terminar em menos de 24 horas.

Super recomendo. Leiam!

(…) - Apenas o sono proporciona esquecimento quando as sombras de sua vida o perseguem e você sente falta de quem ama.
Página 51.

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