Autora: J. K. Rowling
Tradução: Maria Helena Rouanet.
ISBN: 9788520932537.
Páginas: 504
Editora: Nova Fronteira
Capítulo do Livro
Skoob
Sinopse:
Quando Barry Fairbrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos
anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque. A aparência
idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga
abadia, esconde uma guerra. Ricos em guerra com os pobres, adolescentes
em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores
em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira
vista. A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o
catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará
em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas?
Hoje eu vou comentar sobre o primeiro livro para adultos escrito por J. K. Rowling. Mas eu não vou entrar em detalhes sobre a história em si, pois não há muito o que falar. Barry Fairbrother morre e deixa uma vaga no conselho distrital. As pessoas ficam em choque com sua morte, que as leva a questionar suas vidas e, a algumas, a especular quem ocupará a cadeira vaga.
“- E agora? - indagou Maureen num tom ávido.
- Ah - replicou Howard. - Bom, e agora? Aí é que está! Temos uma vacância, Mo, e isso pode fazer toda a diferença.
- Temos uma o quê? - perguntou a mulher, temendo ter deixado passar algo absolutamente crucial.
- Vacância - repetiu Howard. - É o que acontece quando uma cadeira do Conselho fica vaga por morte de seu titular. É o termo legal - acrescentou ele didaticamente.
Página38.
Como vocês sabem, Rowling é a autora da premiadíssima série Harry Potter. Portanto, havia uma certa responsabilidade por parte da autora em satisfazer a espera de quase cinco anos sem um livro novo. Ela era obrigada a arcar com essa responsabilidade? Alguns vão dizer que não, outros como eu talvez pensem que ela precisava pelo menos envolver o leitor no mundo que criou. Não precisava criar uma nova Hogwarts, outro Harry, Hermione e Rony, porque o conteúdo do livro não pede os personagens que vivem no mundo da magia. Pede trouxas, mas trouxas com a vida cheia de segredos, mentiras e um tanto de depravação.
Rowling se distanciou completamente daquela autora inteligente e incrivelmente criativa da série Harry Potter para escrever Morte súbita. É quase impossível reconhecê-la na narrativa deste livro; é como se outra pessoa tivesse tomado o controle da mente dela e a usado nestes cinco anos em que trabalhou em Morte súbita. Rowling levou tão a sério o lance de "escrever para adultos" que o livro chega a ser chato em boa parte de tão sério que é o tom da narrativa.
Sobre os personagens, eu não consegui me sentir próximo de nenhum deles. São tantos e apresentados um tanto quanto atropeladamente que eu apenas senti uma leve empatia por momentos em que eles vivem, principalmente a parte adolescente. Há paixão, sexo, drogas e bullying. A parte adulta também tem suas coisas, como a mãe que não está muito feliz e cria fantasias com os ídolos teen de sua filha.
Sobre os personagens, eu não consegui me sentir próximo de nenhum deles. São tantos e apresentados um tanto quanto atropeladamente que eu apenas senti uma leve empatia por momentos em que eles vivem, principalmente a parte adolescente. Há paixão, sexo, drogas e bullying. A parte adulta também tem suas coisas, como a mãe que não está muito feliz e cria fantasias com os ídolos teen de sua filha.
Se em Harry Potter Rowling usava de elementos que a literatura fantástica permite usar para "disfarçar" críticas sociais, em Morte súbita não há um véu cobrindo-as. É tudo tão escancarado que você se choca com a violência do sexo e o uso de drogas como se eles estivessem bebendo água. É chocante por ser real e tudo o que está ali de fato pode ou acontece na vida das pessoas fora dos livros. Um ponto a favor da autora por ter a coragem de escancarar esses problemas para milhões de pessoas ao redor do mundo lerem.
Rowling fez que eu me questionasse bastante sobre o que é ser autor. Às vezes, essas pessoas precisam ser compreendidas da seguinte maneira: não importa se o livro não foi bom para você, importa que você compreenda o que o autor quis mostrar. É claro que sempre fica aquela sensação ruim, aquela ideia de que podia ter sido bem melhor porque a gente acredita na capacidade do autor de escrever algo envolvente. Mas às vezes é só história e, assim, temos um prato cheio que mastigamos, mastigamos mas não conseguimos engolir.
“Era tão bom ser abraçado... Se ao menos aquela sensação pudesse se manifestar apenas por gestos de conforto simples e sem palavras... Por que os humanos tinham de aprender a falar?"
Página 192.
No final, ler Morte súbita foi somente uma experiência de respeito pela autora que me envolveu no mundo dos livros. Não foi divertida, foi completamente frustrante. E espero que um próximo livro dela me tire essa sensação ruim que Morte súbita causou.